Suburbia acabou esta semana e foi um bom programa exibido pela TV Globo e uma das poucas séries que despertaram a minha atenção nos últimos tempos. Não tenho paciência para parar e assistir à TV, e os programas interessantes e diferentes da TV aberta são exibidos num horário demasiadamente tardio, adequados apenas para quem tem insônia, o que, felizmente, não é o meu caso. Que bom que há a internet, que nos permite ver os episódios no horário que nos é mais adequado! E foi ela que me permitiu acompanhar esta série!
Foi um trabalho diferente que revelou atores negros desconhecidos e num estilo mais solto de interpretação. Muita coisa era nova, inclusive a temática de exibir o cotidiano do subúrbio, das comunidades, o seu jeito de viver, os seus maneirismos, os sonhos e o cotidiano de alegrias, violência e de decepções dos moradores das regiões carentes. Os tons eram carregados na violência e nas emoções. Tudo era bem gritado, bem próximo do que é no dia a dia, sem assepsias e emoções contidas.
O último capítulo foi o mais conservador e resgatou regras da dramaturgia tradicional. O co-protagonista Cleiton foi alvejado por muitos tiros e miraculosamente sobreviveu. Exageros foram cometidos, como o maniqueísmo que considero irritante de mostrar Cleiton achando o caminho para a mudança e a sua conversão em bom e recuperado moço através da igreja evangélica. Outro maniqueísmo foi a solidificação da idéia de que o funk não presta. Infelizmente, parece ser real, por ser a trilha sonora do tráfico. A festa de noivado de Cleiton e Conceição foi outro exagero, mas que ficou esclarecido na própria trama, com a explicação de que o presidente da escola de samba estava bancando tudo.
Tirando estes detalhes, o programa foi bom, inovador, um sopro de ar fresco na mesmice da dramaturgia contemporânea. Pouco ligo para televisão por ela se ater às mesmices e ao chamado gosto popular. Somente o inovador, o diferente, mantém a minha atenção, e Suburbia foi um destes programas.
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