sábado, 23 de maio de 2009

Torcida pró-tecnologia

Que a vida contemporânea, no geral, é melhor do que a de anos ou séculos atrás, não há como negar. Os avanços da medicina, por exemplo, hoje em dia permitem que vivamos bem mais e aplacam nossas dores – há remédios para todas elas. A tecnologia nos propiciou um avanço fantástico, diminuindo as distâncias, permitindo a comunicação e o intercâmbio instantâneos. E talvez seja ela que viabilizará outro avanço: o de encurtar os percursos para que necessitemos cada vez menos de deslocamentos a fim de cumprir nossas tarefas cotidianas. Hoje em dia, há como fazer compras e movimentações bancárias, pagar contas, fazer cadastros pela Internet, sem que precisemos sair de casa. Quando chegará o dia em que poderemos trabalhar em casa e ganhar qualidade de vida, tendo tempo para dormir um pouco mais, ou acordar cedinho para ver o nascer do sol no bairro em que moramos; tempo para curtirmos a família ou os amigos, os vizinhos, as estrelas, os animais? Tempo precioso, e que perdemos cada vez mais nos tortuosos deslocamentos que precisamos fazer de casa para o trabalho e do trabalho para casa. As dificuldades com os transportes, os engarrafamentos e não raro os acidentes fazem com que percamos muito tempo neste deslocamento, e não raro chegamos a casa no tempo suficiente tão somente para dormir e acordar para enfrentar as mesmas dificuldades de percurso novamente, sem condições físicas e emocionais de dialogarmos com a família ou telefonarmos para os amigos. Muitos sequer conseguem ver os filhos acordados, pois saem de casa muito cedo e chegam muito tarde, horários em que as crianças estão dormindo! Diz o entrevistado Silvio Meira, especialista no assunto, numa edição da revista Marie Claire, que a tendência é esta: a tecnologia encurtar as distâncias para que possamos viver melhor. É torcer para que isto não demore a se difundir!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Justiça pelas próprias mãos

Observa-se, nos últimos dias, um aumento no noticiário referente a pessoas que reagem por conta própria a ladrões. A última notícia diz respeito a um assaltante de ônibus que foi dominado pelos passageiros no Jardim Botânico, por terem percebido que ele portava uma arma de brinquedo. A mídia logo ressalta o erro nesta conduta, afirmando ser sempre melhor não reagir. Esta ideia passada pelos meios de comunicação é evidente, pois não se pode conceber que eles incentivem as pessoas a fazer justiça pelas próprias mãos. Todavia, uma reflexão faz-se necessária. Um dos entrevistados pela TV disse que, não havendo reação das pessoas, o máximo que pode acontecer é a perda de bens materiais, enquanto que a reação pode ensejar a perda de vidas humanas. Só que as pessoas lutam muito para obter seus bens materiais, trabalham demais, e a vida está cara. Dói perder os bens também, mesmo não podendo estes ser comparados à vida. Este tipo de fala passa algo do gênero: se for roubado, é só comprar outro. Mas a pessoa viverá sempre assim, comprando as coisas e vendo-as serem levadas por bandidos? A revolta maior, e aparentemente é isto que está levando as pessoas a reagirem por conta própria aos ladrões, é contra as sensações de insegurança e de impunidade. As pessoas não confiam na polícia, nas leis e na justiça, sabem que os bandidos irão continuar atuando e vitimando cada vez mais pessoas. Sem endossar a realização de justiça pelas próprias mãos, é perfeitamente compreensível que as pessoas estejam seguindo esta conduta com uma frequência cada vez maior.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Dificuldade de relacionamentos nos dias atuais

A TV exibiu na sexta-feira, 15 de maio, uma passeata inédita: a chamada passeata dos encalhados, composta por pessoas que estão sozinhas e que sentem dificuldade em arrumar namorado(a). É reflexo da aproximação do dia dos namorados, quando começa o bombardeio midiático a respeito da data e de comprar presentes para a pessoa que é o amor de nossas vidas. Neste período, é como se um despertador tocasse para as pessoas que estão solitárias, revelando a elas a precariedade de sua situação e a necessidade de arrumar alguém com urgência, mesmo que seja apenas para passar o dia dos namorados acompanhado(a). A maioria dos participantes da passeata era do sexo feminino, mas havia alguns homens também reclamando que não há meninas interessantes e que elas estão chatas, mostrando que, embora a dificuldade para arrumar alguém seja maior para as mulheres, ela se aplica também a alguns homens. Isto mostra o quanto a coisa está feia neste campo de relacionamentos. Serve para desfazer a impressão de que é um problema particular de quem está só, e não uma questão da sociedade contemporânea, que atinge a muita gente. Até gente mais velha, dizendo-se virgem, inclusive, e na condição de jamais ter tido um namorado, marcou presença na passeata. Isto mostra que nem tais pessoas estão resignadas à solidão. Há aqueles que se julgam fracos na paquera, por acreditarem ser tímidos e incapazes de executar as abordagens agressivas de outras pessoas.
Aparentemente, no Rio de Janeiro de hoje faltam opções. Onde encontrar homens interessantes? A impressão que todas as mulheres solteiras registram é a de que os homens interessantes sempre têm alguém. O suposto aumento do número de gays também é mencionado como um complicador para a questão.
Uma psicóloga foi bem enfática na TV: atualmente, as pessoas privilegiam a carreira, e somente depois de estabelecidas nesta área, um relacionamento pode ou não pintar. Ela respondeu isto a partir de uma indagação de uma mãe que, aos 25 anos, já era casada e mãe de três filhos e que vê sua filha da mesma idade encalhada. A filha até agora privilegiou a carreira, e somente há pouco tempo tocou o sinal de alerta no sentido de arrumar um namorado. Está a garota encarando as dificuldades contemporâneas neste terreno, numa época inteiramente diferente daquela da mãe dela. A crueza da psicóloga pode até ser chocante, mas talvez ela tenha sido tão somente realista. Estamos vivendo um novo tempo no tocante aos relacionamentos. O mais importante é não se sentir diminuído(a) por não ter um(a) parceiro(a), buscando a felicidade por si próprio(a), pois jamais devemos ver no outro o fator decisivo para estarmos ou não felizes. Utilizando as palavras da psicóloga: o relacionamento poderá ou não pintar em nossas vidas, mas não devemos nunca deixar de buscar a felicidade, nem deixar de identificá-la em momentos do nosso dia a dia. Precisamos nos empenhar no sentido de aumentar nossos momentos de felicidade, independente de termos um(a) parceiro(a).

sábado, 16 de maio de 2009

Convalescendo

Estou de molho, recuperando-me da videolaparoscopia realizada na quarta-feira. Tudo está correndo de acordo com o que tem que ser. Dá certa agonia ver os pontos na barriga. Tenho pontos no umbigo, no lado esquerdo da barriga e outro corte maior também do lado esquerdo. Quase que minha barriga teve que “ser aberta” para tirar o mioma, que estava grandinho. Felizmente, não foi necessário. Estou aproveitando para dormir bastante, pois estava com o sono atrasado devido às atribulações. É bom para mim permanecer a maior parte do tempo deitada, já que é a posição em que me sinto melhor, sem pressão na barriga. Obviamente não estou fazendo esforço físico algum, para que a recuperação ocorra bem rapidamente.

domingo, 10 de maio de 2009

Reflexões sobre o ser mãe

Hoje é dia das mães. Não se trata apenas de uma data comercial, que nos empurra para as lojas com a obrigação de comprar um presente para as mães a fim de transmitir materialmente o que sentimos por ela. E presente para mãe não pode ser qualquer coisa, tem que ser algo não necessariamente caro, porém significativo da consideração pelo fato dela ser o ser vivente que nos gerou, nos carregou durante nove meses na barriga, perdeu noites de sono para nos alimentar, para nos velar durante nossas doenças, para nos consolar durante nossas crises com o mundo, nossos choros.

Há, porém, uma divagação nem sempre muito bem trabalhada: e quando a gente sente dúvidas sobre se está em condições de deixar de ser filha para se tornar mãe? Muitos argumentam que este tipo de indagação se trata de um exercício mental que muitas vezes se constitui em perda de tempo, pois a gente de repente pode ficar grávida e aí vai ter que se tornar mãe de qualquer forma, a não ser que opte por interromper, em boa parte das vezes criminosamente, a gestação. Hoje em dia, todavia, é possível para muitas mulheres planejar a gravidez, e aí a parte analítica do cérebro começa a funcionar, pondo em xeque a história do instinto materno.

Talvez se tivessem tido a chance de pensar se deveriam ou não ter filhos, muitas mulheres optariam por não tê-los (ler isto será horrível para muita gente, mas não estou a fim de ser politicamente correta hoje, e desejo, sim, refletir sobre o tema). Muitas que os tiveram, todavia, mesmo em situações complicadas, afirmam não se arrepender, pois, entre altos e baixos, no cômputo geral valeu a pena ter tido filhos, pois eles trouxeram mais gratificações do que dissabores.

Para mim é árduo me posicionar, por não ter tido a experiência da maternidade. Genericamente falando, observo em algumas mulheres que se tornaram mães uma rudeza com os filhos que aparentemente não as qualificam para o (tido como) sagrado posto da maternidade. E percebo, felizmente na maioria delas, um carinho, um cuidado que me faz crer que a maternidade realmente pode implicar num padrão de comportamento bastante dedicado com os pequeninos seres que precisam de nossos cuidados por um bom tempo de vida. E quem sabe muitas dessas mulheres que hoje são mães zelosas (dentro das parcas possibilidades que a correria dos dias de hoje permite) passaram pela dúvida a respeito sobre se tinham talento ou não para serem mães?

domingo, 3 de maio de 2009

Como lidar com algo hoje asqueroso e que já foi prazeroso?


Mais uma semana começa, e penso em como conviver com o sentimento de asco por algo que nos dava prazer até pouco tempo. O pior de tudo é que é impossível não administrar este asco, pois o convívio é diário com a coisa propriamente dita! Aceito sugestões, pois desejo debater este tema. É importante fugir de maus sentimentos porque eles nos contaminam com uma energia negativa que acaba por nos prejudicar física e emocionalmente. Uma estratégia talvez seja a de se dedicar mais a um hobby, como uma fuga construtiva do mau sentimento. Escolher uma atividade prazerosa e se dedicar a ela nas horas vagas nos faz sentir melhor, recupera nossa auto estima e nos faz esquecer de que não gostamos daquela coisa asquerosa. Sair, ir à rua, mesmo sem objetivo aparente, também é bom, pois nos faz parar de pensar, já que o pensamento fixo em algo é nocivo. Dando uma simples volta vemos gente, corremos o saudável risco de encontrar alguém conhecido para um papo ou engatar uma amizade com alguém até então desconhecido, respiramos ar “puro” (fundamental nesta época em que vivemos por horas encarcerados no ar condicionado mal limpo; pena que o ar “puro” não é tão puro assim também), vemos a espontaneidade de uma criança, observamos pessoas com mais dificuldades do que nós, com deficiências físicas e/ou mentais, e percebemos que nosso asco talvez seja desmedido. Sobretudo, concluímos que tudo nesta vida é passageiro: a situação que nos aflige e da qual achamos que jamais escaparemos hoje irá se esvair em pouco tempo, pois a vida é cíclica. Amanhã, poderemos estar livres dela, e até de uma maneira inesperada, pois a vida também nos prega agradáveis surpresas.
Para animar um pouco, comecei a postagem com fotos da exposição de orquídeas do Jardim Botânico, excelente maneira de afastar pensamentos negativos. Acabou hoje, mas em setembro tem mais!

sábado, 2 de maio de 2009

Estreio um blog que almejo ser um veículo para a exposição e o debate de pontos de vista. Somente escreverei quando julgar que deverei fazê-lo, sem compromisso com dia, hora. Escrever para mim é uma terapia, faz-me bem, e espero conseguir postar mais comentários do que inicialmente acredito que conseguirei fazer. Além do mais, escrever é como qualquer exercício: quanto mais escrevemos, melhores nos tornamos nesta arte. Bem-vindos ao sueblog!


Vi o filme Divã, que mostra o poder da transformação sobre nós. Exibe os altos e baixos da vida, os vaivens que ela pode nos proporcionar. Quando achamos que está tudo devagar demais, dentro dos conformes, estagnado, repentinamente a vida pode se agitar, e este quadro todo se altera, para o bem ou para o mal, dependendo de nossos pontos de vista e valores. A terapia pode ser um agente deflagrador deste processo. Ela costuma ser muito importante para que ele aconteça, à medida que nos conduz ao autoconhecimento e nos dá forças para nos entendermos e alterarmos o que achamos que tem que ser mudado. Mas há gente que consegue enfrentar as oscilações da vida sem terapia. Sou adepta do poder da terapia, mas quem sou em para julgar quem não é simpatizante dela?