domingo, 27 de abril de 2014

Violência

Os últimos acontecimentos são estarrecedores em matéria de violência pelo Brasil afora. Analisando os episódios, é perceptível que algumas mortes são mais badaladas do que outras. Por quê isto acontece? Será porque servem de estopim para certos debates políticos e ideológicos, do gênero: quem é mais bandido, a polícia ou os bandidos? Surgem daí dois pontos de vista. A polícia é sempre cruel e os alvos, geralmente de comunidades pobres, são uns santos. Ou, o ponto de vista oposto: a polícia tem que atirar mesmo porque em comunidade só tem bandidos. É um caso para reflexão! O caso do professor de educação física morto num ônibus, e que não é o primeiro na mesma linha, passou despercebido ante as mortes de Amarildo e do dançarino DG. Mas não é menos revoltante. Quantas mortes mais serão necessárias na linha 2336 para que algo seja feito? Como o professor não era um global que nem o dançarino, sua morte mal foi noticiada, e aparentemente não houve indignação alguma, quando é um fato que pode atingir a muita gente, pois boa parte da população anda de ônibus pela cidade. Todas estas mortes têm que ser apuradas e todas as pessoas envolvidas, incluindo as vítimas, precisam ter as suas vidas e motivações analisadas.

domingo, 20 de abril de 2014

Problemas de relacionamento

Tati pensou em como, desde sempre, nunca foi talhada para relacionamentos. Nesta vida, tem como missão testar sua força para ser sozinha, assim como o menino Bernardo, de Passo Fundo, teve como missão sofrer com o desprezo e o desamparo que chegaram ao limite extremo dele ser morto com a ajuda do próprio pai. Tati foi uma adolescente solitária e isolada, e assim permaneceu até que a vida a foi entrosando com as pessoas e ela atingiu o mínimo necessário. Nunca teve saco para praticar estratégias de paquera. Tati olha para os caras e observa os mais interessantes, mas não se atira. Sempre teve problemas de relacionamento. Nunca teve relacionamentos afetivos. Apenas "deu" para os caras para quem quis dar, pois, embora nunca tenha vislumbrado um relacionamento amoroso para si, sempre se apavorou com a idéia de não fazer sexo nunca. Lembrou-se do quanto os homens cafajestes e falastrões a atraem, em detrimento dos mais tímidos, fechados e que podem ser melhores pessoas. Nunca teve faro para escolher homens com maior potencial para serem tidos como "certos". Nunca teve esperança de conseguir namorar ninguém. E, atualmente, a cada dia que passa, o fiapo de esperança vai se esvaindo mais e mais.

Equívocos na política dos menores

Incrível como no Brasil persiste o apego à idéia de que os filhos tem que ficar com os pais biológicos, mesmo quando eles dai provas inequívocas de desprezo pelos pequenos. No caso atual da morte do garoto de Passo Fundo, Bernardo, ele chegou a pedir ajuda às autoridades e ao MP, sem sucesso, pois o pai prometeu que mudaria, depois de dar provas inequívocas de desprezo. Todos acreditaram que ele ficaria bonzinho de repente. Acredita-se em milagres com muita freqüência, mas nem sempre eles acontecem. Desde quando o maltrato dos pais é caracterizado apenas pelas agressões físicas? O menino em questão não apanhava fisicamente, mas era linchado emocional e moralmente todos os dias. Deu no que deu. Bom seria se servisse de lição para uma mudança cultural e legal nesta questão dos menores no Brasil.

Importância exagerada do futebol

Impressiona-me como as pessoas se mobilizam, opinam, protestam, zombam por causa de futebol, algo que é uma diversão, mas que não influi em nada na nossa vida cotidiana. Não seria tão impressionante se as pessoas agissem da mesma forma com relação à política, por exemplo, que influi diretamente na nossa vida. Seria ótimo se houvesse a mesma mobilização para pedir a cassação de determinado deputado que rouba, ou para exigir que o Congresso vote determinadas leis que estão emperradas há anos. Mas, com relação a isto, o brasileiro dorme cronicamente, tal qual um sedado. Isto é triste! O futebol continua num nível primitivo porque isto favorece a interesses de quem vive dele. Seria de bom tom que investissem em tecnologia e aperfeiçoamento de pessoal para evitar toda às polêmicas e injustiças que eventualmente ocorrem. Mas parece importante que eles continuem acontecendo, para alimentar o imaginário popular, as polêmicas e as rivalidades. E, para piorar, há atletas que "se acham" e falam besteiras graves, como o atual goleiro do Flamengo, Felipe, que falou que “roubado é melhor”. Um ótimo exemplo de quem deve ter princípios muito questionáveis mesmo. Parece que a posição e o clube atraem gente deste naipe. Vide o caso do goleiro Bruno. Alguns pedem desculpas, mas o estrago já está feito. Deviam pensar melhor antes de falar!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Sobre futebol

Flamengo e Botafogo perderam suas partidas na Copa Libertadores, e foram eliminados ainda na primeira fase. Foi uma vergonha brasileira em geral, e carioca em particular. Lamentei muito pelo Botafogo, e nada pelo Flamengo. Sua torcida é tão doente e faz tão pouco caso das outras que, quando o Flamengo perde, todos os que não gostam da torcida celebram. No Rio as torcidas se dividem entre flamenguistas e anti-flamenguistas. E estas se dividem em botafoguenses, tricolores e vascaínos. As pessoas gastam muito dinheiro, se arriscam a celebrar ou a sofrer com o resultado, padecem no caminho para o estádio e o inverso, e nem assim desistem de assistir ao vivo aos jogos. Aceitam docilmente o pão e o circo que os governos lhes oferecem, e é assim desde a Roma Antiga, com suas corridas de bigas e lutas de gladiadores. Todos os povos precisam disto. Piores são aqueles que brigam, matam e morrem por conta de futebol. Os clubes e jogadores permanecem por aí, encarando tudo com naturalidade. É só mais um jogo e mais um campeonato que se foram. E ainda há os que não enxergam os defeitos de seus times, de tão cegos e fanatizados que são. É preocupante o estado em que estas pessoas permanecem, assim como é o estado daquelas que ficam com o racional quase que totalmemte aniquilado. Elas se emocionam demais, ficam tristes ou alegres em demasia. Não é compreensível uma pessoa ficar assim. 

sábado, 5 de abril de 2014

Até mais, José Wilker!

Passei o dia entristecida com a morte do José Wilker. A morte é sempre algo que nos abala. Uma morte repentina e totalmente inesperada como a dele nos choca profundamente. Por mais que tentemos nos consolar com pensamentos do tipo: "não sofreu", ou "era a hora dele", ou "a vida tem os seus mistérios", o consolo só vem depois de algum tempo, pois de início o inconformismo nos domina. Nesta era de celebridades descartáveis, de gente às vezes até bonita, mas sem conteúdo, de gente que só visa o lado financeiro e lucros pessoais a QUALQUER preço, uma pessoa como o José Wilker fará muita falta. Sua partida precoce, aos 66 anos, reforça mais uma vez a impressão de que este planeta é, de fato, um planeta de expiação, de onde muita gente legal parte cedo, e onde muita gente que não presta fica por aqui até uma faixa de idade muito elevada. José Wilker era polivalente, uma pessoa culta e com uma habilidade enorme de se expressar. Era cínico, bem humorado e transitava por todas as áreas: teatro, cinema, direção. Era popularíssimo, entendia de cinema como poucos. Mas, segundo seu colega e amigo Paulo Betti, fumava e bebia muito, quando se dispunha a praticar estes maus hábitos, e decerto o cigarro em excesso foi um dos desencadeadores do enfarte fulminante que sofreu enquanto dormia nesta madrugada. Triste! A morte deste artista igualmente nos mostra mais uma vez aquilo que freqüentemente não queremos enxergar: não sabemos até quando estaremos por aqui. Temos que aproveitar o máximo, dentro das nossas possibilidades e respeitando nossas limitações, não deixando para amanhã o que podemos fazer hoje, pois poderá não haver amanhã. Se queremos e podermos fazer, se estamos dispostos a encarar as nossas limitações, então, que façamos logo. Descanse em paz, José Wilker. Seu exemplo não será esquecido por ninguém que tenha acompanhado a sua trajetória nesta esfera.