Flávio Gikovate introduziu seu último programa radiofônico falando sobre solidão. Como ouvinte assídua do programa via iPhone, Margarete atentou para este conteúdo. De acordo com o especialista, as pessoas se referem à solidão como algo ruim porque sempre aludem à solidão que se instala depois que a pessoa termina um relacionamento. Nesta fase de ruptura, a solidão é um estado novo e desagradável. Mas é uma realidade que, nas grandes metrópoles como Paris, Nova Iorque, Rio, São Paulo, o número de pessoas que moram sozinhas e de construções pequenas para atendê-las só aumenta. Na verdade, a solidão também tem um espectro positivo, pois coloca a pessoa lado a lado consigo mesma. Ela é mais suportável por quem é introvertido e voltado para os seus próprios interesses, como o é Margarete. Quem é introvertido se distrai com seus atos, com leituras, com filmes, com tecnologia. Não sente tanta falta de conversa, pois somente dä valor a bons assuntos, a temas de seu interesse, e não liga para assuntos banais, fofocas e coisas comezinhas do dia a dia. Somente relacionamentos de boa qualidade são capazes de afastar este tipo de pessoa de seus interesses e de sua rotina, que é empolgante para elas. Pessoas que já passaram por outros relacionamentos e querem maior liberdade, não querendo de novo vivenciar ciúmes ou engessamento, também se tormam refratárias a compromissos. Muitas preferem namorar ou ter casos que não impliquem em compromissos.
Margarete ouviu com atenção as palavras do psicoterapeuta. Percebeu que, na sua condição de solitária crônica, se sente feliz, entretida com cinema, leituras, escrita, tecnologia, música, fotografia. A tristeza que ocasionalmente sente se deve à culpa por não ter atendido à expectativa social e familiar de ter casado e tido filhos, e também ao medo da solidão na velhice, à pespectiva de não ter ninguém para lhe dar assistência num momento de saúde frágil. Mas isto tem solução, pensa ela: contratar um enfermeiro. E seja o que Deus quiser!
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