domingo, 20 de janeiro de 2013

Fatos do cotidiano

Incrível como o trabalho formal, burocrático e com horários a serem cumpridos parece tolher a nossa mente e a criatividade. É só recomeçar a trabalhar para o tempo se exaurir ainda mais rapidamente, e as escritas no blog rarearem. Cabe não deixarmos que isto vire o padrão. É necessário um esforço a fim de atingir a concentração necessária para a arte, para um desabafo a respeito dos acontecimentos, para a não padronização. No meu caso, a arte favorita é a escrita, seguida pela fotografia. É preciso não perder o foco da escrita, não deixar as coisas passarem e a ideia se perder. Nos últimos dias, dois fatos chamaram a minha atenção. Um deles foi o suicídio de duas pessoas famosas. Um deles, o artista plástico Selaron, o das escadarias da Lapa. Segundo amigos, ele estava bastante deprimido e ainda era perseguido por um ex-sócio que era irmão do maior traficante da região, preso. Ateou fogo ao próprio corpo, uma forma horrível de morrer, típica de desesperados. Foi uma morte derivada da depressão, do desespero, da ausência absoluta de vontade de viver. Outro caso foi o de Walmor Chagas, grande ator que, ao que tudo indica, se matou com um tiro na cabeça, por não aceitar os problemas de saúde que passaram a acometê-lo nos últimos tempos. Entre eles, diabetes e problemas estomacais, mas o que mais o abateu foi uma catarata que o impediu de ler, atividade que ele sempre adorou. É um típico caso de inconformismo com a decrepitude do corpo que se instala, em contraponto a uma alma que ainda quer se manter ágil. Não dá para julgar uma pessoa que opta por terminar com a própria vida num contexto destes. Cada um reage de uma maneira. Nem todos são idênticos a José de Alencar e a Hebe Camargo, só mencionando duas personalidades que enfrentaram doenças graves com galhardia e otimismo. Arrisco a dizer que a maioria se abate, e muito, com as doenças, mas nem todos vão ao extremo de se matar. De fato, é complicado para o ser humano enfrentar os indícios de fim da vida. Outro problema recorrente é a violência que a cada vez mais nos acomete e nos choca. Os bandidos agora atiram a toa, para matar seja quem for. A última pobre vítima foi uma linda menininha de dois anos, Geovanna, morta com um tiro quando a mãe foi abordada por ladrões que atiraram quando ela acelerou o carro, em Belford Roxo. A menina foi gerada com dificuldade, depois de cinco anos de tentativas para engravidar e de um tratamento. Tudo havia dado certo até que esta desgraça ocorreu. Difícil imaginar que a mãe e o pai fiquem com a cabeça boa depois de tudo isto. Resta-nos orar para que eles consigam lidar com esta ausência enorme. É outra situação muito difícil de se lidar.

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